sábado, 21 de maio de 2011

Da série Notícias do Brasil (sem os comentários da Globo, Aliás, com os nossos).

"São Paulo é a sexta cidade com mais bilionários no mundo, superando cidades como Tóquio e Los Angeles, segundo a revista "Forbes".

De acordo com o levantamento, São Paulo tem 21 bilionários (como Antônio Ermírio de Moraes e Abilio Diniz), que, juntos, acumulam um patrimônio de US$ 85 bilhões - mais que o dobro de todos os bens e serviços produzidos no Uruguai no ano passado, por exemplo.

Pelos critérios da revista, o Rio de Janeiro aparece a seguir, com três (entre eles Eike Batista, a pessoa mais rica do país), e Londres abriga dois bilionários brasileiros.

No ano passado, São Paulo aparecia com 14 bilionários no ranking da "Forbes", com uma fortuna somada de US$ 58 bilhões."

(Folha de São Paulo 21/05/2011)
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/918854-sao-paulo-e-a-6-cidade-em-numero-de-bilionarios.shtml

Conclusão: o apartheid social neste país aumentou. Os acumuladores de capital subiram em um ano de U$ 58 bilhões para U$ 85 bilhões. Os ricos ficaram mais ricos e os miseráveis mais miseráveis. Bilionários em um país sem educação, saúde, cultura, lazer... Isso em um país onde crianças se prostituem para comer. Bilionários em um país sem verbas para medicamentos, merenda escolar, salário digno para professores...
Niguém anda nas ruas do Rio ou São Paulo nesta hora da noite sem medo da violência. O povo brasileiro paga 40% do produz em tributos para viver com medo da violência, do desemprego, da inflação, de balas perdidas...

Os brasileiros são servos mansos da exploração. Produzem riquezas que vão ser acumuladas por uma minoria que debocha dos seus servos domesticados. Alguns vão até sentir uma pontinha de indignação, que vai durar até o próximo capítulo da novela das oito.

Tem que assistir muito BBB para "achar" isso natural.

Abraços socialistas.

Da série Notícias do Brasil (sem os comentários da Globo. Aliás, com os nossos)


"Bombeiros são presos no Rio depois de protestar por melhores salários"

Na semana passada todos os jornais do Rio noticiaram a prisão de bombeiros militares que foram presos depois de protestar  por melhores salários e melhores condições de trabalho.
E continua a falácia de que existe liberdade no Brasil capitalista-neoliberal...

Sobre a mediocridade e algumas citações



A ditatura da mediocridade é construída. Não é natural. Um dos aportes que a sustentam é fazer com que a massa pense que a mediocridade é natural, assim, obviamente, nunca a questionam.

A imbecilidade hoje é fruto de um esquema que remonta ao início dos anos 80, quando os donos do mundo resolveram tornar os homens robotizados, sintéticos, para que não refletissem sobre o comportamento alienado para consumir, consumir e consumir. A não-reflexão é supedâneo para o neoliberalismo globalizante. Nesse sentido ver: "Como a Picaretagem Conquistou o Mundo - Equívocos da Modernidade", de Francis Wheen, ed. Record, e "Resistência", de Ernesto Sabato, ed. Cia. das Letras.

Hoje é comum ver pessoas com dois, três empregos... e vários celulares, várias TVs de plasma e um monte de entulhos. Tudo isso sem viver. É comum ver o homem "correndo muito atrás... de nada", como diz Zigmunt Baumamm.

E para que mediocrizar? Para mais explorar. Massas alienadas não questionam toda essa exploração econômico-social em que vivemos nesses tempos de globalização neoliberal.

Mas, tudo isso tem conseqüências. Sobre o mal-estar social de quem se coloca em posição reflexiva, questionadora, ver o excelente livrinho "Como me tornei estúpido", de Martin Page, ed. Rocco.

Aos que acham que "tá tudo normal", saibam que estão errados - estamos no fundo do poço da imbecilização (ver Alain Minc, Erich Fromm...). E não foi sempre assim não, o homem renascentista era bem melhor que essa porcaria que se diz humano hoje. Saramago diz que se o homem continuar assim, em breve voltará a grunhir.

O meio da imbecilização é o senso-comum, a cultura do lixo. Sua antítese - a Filosofia, o questionamento.

No Brasil a imbecilização é mais grave porque tivemos 20 anos de ditadura militar que roubou a cultura e identidade nacional desse povo, como diz meu autor preferido, Fausto Wolff.

Esse é um momento nojento, o homem hoje é alguém que sabe dizer "oi" no início da conversa e "tchau" no fim (no meio tome BBB, novelas, futebol e outros lixos).

O refúgio inteligente e cultural é para poucos, e quem o faz, o faz solitariamente.

É o jeito.

A difícil passagem do tecnozóico ao ecozóico (texto de Leonardo Boff)


"As grandes crises comportam grandes decisões. Há decisões que significam vida ou morte para certas sociedades, para uma instituição ou para uma pessoa.


A situação atual é a de um doente ao qual o médico diz: ou você controla suas altas taxas de colesterol e sua pressão ou vai enfrentar o pior. Você escolhe.

A humanidade como um todo está com febre e doente e deve decidir: ou continuar com seu ritmo alucinado de produção e consumo, sempre garantindo a subida do PIB nacional e mundial, ritmo altamente hostil à vida, ou enfrentar dentro de pouco as reações do sistema-Terra que já deu sinais claros de estresse global. Não tememos um cataclisma nuclear, não impossível mas improvável, o que significaria o fim da espécie humana. Receamos isto sim, como muitos cientistas advertem, por uma mudança repentina, abrupta e dramática do clima que, rapidamente, dizimaria muitíssimas espécies e colocaria sob grande risco a nossa civilização.

Isso não é uma fantasia sinistra. Já o relatório do IPPC de 2001 acenava para esta eventualidade. O relatório da U.S. National Academy of Sciences de 2002 afirmava “que recentes evidências científicas apontam para a presença de uma acelerada e vasta mudança climática; o novo paradigma de uma abrupta mudança no sistema climático está bem estabelecida pela pesquisa já há 10 anos, no entanto, este conhecimento é pouco difundido e parcamente tomado em conta pelos analistas sociais”. Richard Alley, presidente da U.S. National Academy of Sciences Committee on Abrupt Climate Change com seu grupo comprovou que, ao sair da última idade do gelo, há 11 mil anos, o clima da Terra subiu 9 graus em apenas 10 anos (dados em R.W.Miller, Global Climate Disruption and Social Justice, N.Y 2010). Se isso ocorrer consosco estaríamos enfrentando uma hecatombe ambiental e social de conseqüências dramáticas.

O que está, finalmente, em jogo com a questão climática? Estão em jogo duas práticas em relação à Terra e a seus recursos limitados. Elas fundam duas eras de nossa história: a tecnozóica e a ecozóica.
Na tecnozóica se utiliza um potente instrumental, inventado nos últimos séculos, a tecno-ciência, com a qual se explora de forma sistemática e com cada vez mais rapidez todos os recursos, especialmente em benefício para as minorias mundiais, deixando à margem grande parte da humanidade. Praticamente toda a Terra foi ocupada e explorada. Ela ficou saturada de toxinas, elementos químicos e gases de efeito estufa a ponto de perder sua capacidade de metabolizá-los. O sintoma mais claro desta sua incapacidade é a febre que tomou conta do Planeta.


Na ecozóica se considera a Terra dentro da evolução. Por mais de 13,7 bilhões de anos o universo existe e está em expansão, empurrado pela insondável energia de fundo e pelas quatro interações que sustentam e alimentam cada coisa. Ele constitui um processo unitário, diverso e complexo que produziu as grandes estrelas vermelhas, as galáxias, o nosso Sol, os planetas e nossa Terra. Gerou também as primeiras células vivas, os organismos multicelulares, a proliferação da fauna e da flora, a autoconsciência humana pela qual nos sentimos parte do Todo e responsáveis pelo Planeta. Todo este processo envolve a Terra até o momento atual. Respeitado em sua dinâmica, ele permite a Terra manter sua vitalidade e seu equilíbrio.


O futuro se joga entre aqueles comprometidos com a era tecnozóica com os riscos que encerra e aqueles que assumiram a ecozóica, lutam para manter os ritmos da Terra, produzem e consomem dentro de seus limites e que colocam a perpetuidade e o bem-estar humano e da comunidade terrestre como seu principal interesse.
Se não fizermos esta passagem dificilmente escaparemos do abismo, já cavado lá na frente."

(Leonardo Boff)

Na parede de um botequim de Madri...

Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa:
É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.
Ou seja: ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.

(Texto retirado da página de perfil da comunidade no orkut: Eduardo Galeano.
 http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=113581)

Os Indiferentes (texto de Antonio Gramsci)



"Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os "apenas homens", estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes."

                                                                         (Antonio Gramsci)


domingo, 15 de maio de 2011

A fraude do Estado Capitalista



Constituição Federal de 1988
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais...

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social...

Uma Constituição funda um Estado. A República Federativa do Brasil foi fundada em 05/10/1988 (antes nem tinha esse nome). Quando fundada fez-se um pacto social (entre o Estado Capitalista e seus trabalhadores)  no qual o constituinte mandava que o Estado Capitalista pagasse aos trabalhadores um salário mínimo capaz de atender os custos com sua moradia, alimentação, educação, saúde, lazer... Todo mundo topou e Ulysses Guimarães promulgou a nova Constituição e começou o jogo...

Os trabalhadores fizeram sua parte. Trabalharam 44 horas semanais, pagaram seus tributos, deram do seu suor, cumpriram todas as regras.

Até hoje, 22 anos depois, o Estado Capitalista não cumpriu a sua parte. Paga um salário de fome aos explorados trabalhadores.

Contudo, o Estado Capitalista bateu recorde de arrecadação de tributos em 2010 (O globo 22/01/2011) com arrecadações mensais superiores a 60 bilhões de reais, com novo recorde anunciado para 2011; pagou a dívida externa várias vezes para o FMI; criou superávit primário; criou o PROER para ajudar bancos falidos de banqueiros ricos; quer criar o Fundo Soberano (para injetar dinheiro do trabalhador – que é o único que gera riqueza no país – no mercado financeiro quando vier a próxima crise capitalista que eles sabem que vai vir)...

É impressão minha, ou o Estado Capitalista é uma fraude?

A Servidão Moderna



Documentário francês sobre a escravidão em que vivemos, na qual o senhor é o sistema capitalista. Comentário do site oficial: "A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais. Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época. Contrariamente aos escravos da antiguidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber. Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça.”

Veja o filme:

http://www.youtube.com/watch?v=nJCW6AbCoWQ

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O analfabeto político


Todos conhecem este texto de Bertold Brecht, mas nosso blog também vai postá-lo:

"O analfabeto político

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo." 
                                                                                                                                       (Bertold Brecht)

No Brasil o analfabeto político elegeu um palhaço sem graça para representá-lo no Poder Legislativo como deputado federal. Só falta, agora, o analfabeto político querer melhorias sociais...