sexta-feira, 22 de abril de 2011

Texto do livro “Neoliberalismo: a Tragédia do nosso Tempo”, de Manoel L. Malaguti



Texto do livro “Neoliberalismo: a Tragédia do nosso Tempo”:

“Há mais de dez anos a humanidade vive uma tragédia: a hegemonia política e ideológica do Neoliberalismo. Hoje, poucas regiões do mundo estão livres das conseqüências desastrosas da implementação do ideário Neoliberal. No Terceiro Mundo, por exemplo, dois são os objetivos básicos do moderno Liberalismo. O primeiro deles é a fragilização do Estado Nacional, ao menos na medida em que o setor público represente limites à restrita integração dos países subdesenvolvidos à lógica da Globalização financeira e especulativa. O segundo é a destruição das mais variadas expressões dos movimentos populares de resistência política aos desígnios dos mercados e da economia desregulada (em particular, os sindicatos).

Nos países desenvolvidos, por sua vez, são, fundamentalmente, os mesmos. No entanto, são bem distintas as conseqüências e as possibilidades de implementação do projeto Neoliberal: com uma classe trabalhadora organizada e protegida por um efetivo Estado de-Bem-Estar, os limites do liberalismo aparecem mais rapidamente. As resistências são de peso e a opinião pública (esclarecida) exige satisfações. De todas as formas, seja no campo das idéias, seja no das políticas econômicas, as políticas neoliberais constituem a tragédia do nosso tempo. Onde for que elas se instaurem, surge ou cresce a miséria, a degradação econômica, a desesperança, a apatia e o desespero.

Não podemos deixar de ressaltar, porém, o que chamamos de conseqüências complementares das políticas Neoliberais: o individualismo e o egoísmo exacerbados. Estes são fenômenos perversos que conquistam pessoas de todas as idades, reproduzindo-se e difundindo-se por uma espécie de mecanismo automático, por um tipo de inércia geracional. Mas de que forma, perguntamos, essa patologia sociopsicológica complementa as políticas liberais? Resposta: através da indução à passividade, à segurança dos lares e à indiferença. Na medida em que assim procede, este problema de caráter colabora na manutenção do fosso social que separa integrados e marginais, os que lucram e os que perdem com as atuais regras do jogo. Assim fazendo, torna mais fácil subjugar os rebeldes, conter as manifestações conscientes de repúdio, enfraquecer a sociedade civil e o tecido social, privatizar o público (que é ou era de todos) etc. no mais, o individualismo liberal (egoísta) já teve a sua chance. Mas, como a dos povos é curta, esquecemos tanto as suas conseqüências tradicionais quanto o fato de que a aplicação do ideário liberal conduziu a humanidade a duas guerras e à maior crise estrutural da história do capitalismo (1929).”

Manoel L. Malaguti
Doutor em Economia pela Université de Picardie/França

http://jogligidel.tripod.com/id56.html

Nota: Este texto é anterior à crise de 2008. Hoje a tragédia neoliberal revela-se bem maior.

domingo, 17 de abril de 2011

Livro revela que apenas 1 de cada 20 brasileiros é dono de alguma propriedade geradora de renda



Livro revela que apenas 1 de cada 20 brasileiros é dono de alguma propriedade geradora de renda.
Coordenação: Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

http://zequinhabarreto.org.br/?p=9497

Sendo por natureza um sistema que implanta uma ideologia de competivismo, consumismo e individualismo não é difícil enxergar os dois grandes ramos de conseqüências do neoliberalismo capitalista.

O primeiro - a pobreza material da maioria. E de forma injusta. Porque, na verdade, quem gerou a riqueza foi o trabalhador enquanto o capitalista apenas contabiliza, calcula ou faz o diabo que for... o problema é que quem gerou a riqueza dela não participa. Esse é o fato.

O segundo – toda a gama de resultados no campo da psicologia social, coletiva. Viver em um sistema injusto, aceitando-o, é aceitar que podemos ser injustos é aceitar que podemos ser sub-humanos.

São as conseqüências reflexas, surgidas de forma oblíquas, complementares das políticas Neoliberais: o individualismo e o egoísmo exacerbados.

Daí todo esse mundo doente a que assistimos e a ele nos submetemos. Aceitar um mundo que é errado é aceitar mover-se dentro desse mundo, identificando-se com ele.

Onde impera o “deus” mercado/capital não há espaço para valores da alma. Onde a honra, a dignidade, a fraternidade, o altruísmo...?

Hoje quando um pai não quer mais um filho, joga-o pela janela como se joga um saco de biscoito vazio. Porque essas relações (sub)humanas dão-se em patamares “líquidos”, como diz Baumann. Não há valores morais – só financeiros.

Mas, como dizem, “um novo mundo é possível”.

Concordo. Só que tem que ser construído. E começa pela conscientização política.

Abraços socialistas.

"Os demônios descem do norte" e a praga diabólica de igrejas e pastores neopentecostais.




Seguindo a melhor linha de pensamento social, aquela que diz que tudo na sociedade é construído propositalmente, tudo é produto cultural humano, inventado pelo homem, nada é "dado", por vontade de Deus ou existe por acaso, como acontece na natureza, vamos refletir sobre como a sociedade brasileira foi tomada pela peste do neopentecostalismo.

O neopentecostalismo é aquele seguimento que envergonha os religiosos e dão razão aos ateus para não acreditarem em Deus. Pastores analfabetos, pilantras que enriquecem rapidamente, de comportamento boçal, fazem a melhor contrapropaganda da religiosidade humana. Debocham de Deus de uma forma que o diabo não conseguiu fazer.

Reproduzimos abaixo um artigo da Folha de São Paulo, logo em seguida voltamos a falar:

“Folha de São Paulo, 03/12/2009

O primeiro milagre do "heliocentrismo".

Hélio Schwartsman

Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia, repórter do jornal, decidimos abrir uma igreja. Com o auxílio técnico do departamento
Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de  Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo. Precisamos apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não consecutivos) . É tudo muito simples.
Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para criar um culto  religioso.
Tampouco se exige número mínimo de fiéis.  Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio e seu  CNPJ, pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações  financeiras isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos benefícios  fiscais da empreitada. Nos termos do artigo 150 da Constituição, templos de  qualquer culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou* os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são definidas  pelos próprios criadores. Ou seja, se levássemos a coisa adiante, poderíamos nos  livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros "Is" de bens colocados em nome da  igreja.
Há também vantagens extratributárias. Os templos são livres para se organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes. Uma  vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção do serviço militar  obrigatório (já sagrei meus filhos Ian e David ministros religiosos) e direito a prisão especial.*

Alguns curiosos nomes de "igrejas" no Brasil.

- Igreja Automotiva do Fogo Sagrado
- Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo
- Associação Evangélica Fiel Até Debaixo D'Água
- Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade
- Igreja Dekanthalabassi
- Igreja Cristo é Show
- Igreja Caverna de Adulão
- Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção)
- Igreja Evangélica Bola de Neve
- Igreja Evangélica Adão é o Homem
- Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado
- Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica
- Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
- Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés
- "Igreija" Evangélica Muçulmana Javé é Pai
- Igreja Abre-te-Sésamo
- Igreja Batista Floresta Encantada
- Igreja Evangélica Batalha dos Deuses
- Igreja Evangélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados
- Igreja Pentecostal Marilyn Monroe
- Igreja Quadrangular O Mundo É Redondo

Rir ou chorar? Qual a intenção, origem e motivação por trás de tanta "diversidade"? 
Sempre nos debruçamos sobre essa bizarrice contemporânea, e intuitivamente sabíamos que algo de muito podre havia por trás de tanta loucura. Foi-nos explicado pelo nosso amigo Wander. E é simples, muito simples: Quando o movimento da Teologia da Libertação começou a crescer, rapidamente o governo americano pensou nesse plano diabólico. Subvencionou-se igrejas neopentecostais de apelos bizonhos a fim de espalhá-las pela América do Sul e desviar o foco dos povos a fim de que não houvesse espaço para os questionamentos sociais trazidos pela Teologia da Libertação.

Edir Macedo, Silas Malafaia e companhia são apenas peças de uma engrenagem concebida em Washington.
Eu sabia que isso não era à toa. Seria demais.

Como dizia Fausto Wolff, o mal mais uma vez venceu - coisas deste mundo. A Teologia da Libertação encontra guarida, hoje, apenas entre uns poucos que preferem o caminho da racionalidade humana. Que questionam. A massa inculta foi tomada por essas igrejas diabólicas que alieniam e tornam as visões de mundo dessas pessoas verdadeiras estultices patológicas.

O papa João Paulo II, um pequeno homem, nesse enredo, não perdeu tempo e excomungou Leonardo Boff, um grande homem, por sua militância na Teologia da Libertação. A massa continua alienada e se deixando explorar sem questionar.  

A fonte da explicação dessa onda neopentecostal de massas hipnotizadas, sem recursos de questionamento e pastores vigaristas que debocham de Deus, do homem e da vida, se encontra no livro "Os Demônios Descem do Norte", de Delcio Monteiro de Lima, editora Francisco Alves.

A quem interessa toda essa passividade em relação aos problemas graves trazidos pelo neoliberalismo?



Nosso sistema capitalista ainda tem bancos falidos de banqueiros ricos que deram golpes de bilhões na sociedade. É o caso dos Bancos Econômico, Bamerindus, Nacional, Marka, Fonte Cidam, Opportunity...

Enquanto isso as crianças deste país se prostituem para comer. Enquanto isso crianças reviram lixo para comer.

Não fosse a alienação que tomou conta do povo deste país no máximo já teríamos feito a revolução popular necessária e no mínimo já teríamos estabelecido instrumentos de renovação social no sentido de minimamente minorarmos o abismo social, o apartheid social que nos envergonha (envergonha a nós, os indignados).

Fere a razão humana, na perspectiva de quem minimamente se debruça sobre a filosofia, de que tudo isso a que assistimos deva ser mesmo do jeito que é. Aceitar esse momento da ideologia rasa do neoliberalismo, que torna as pessoas automatizadas mentalmente, é como diz nosso amigo Maruivermelho, "dose prá leão".

Fala-se em evolução tecnológica, bolsa, superávit comercial e financeiro, PIB... sem enxergar aquelas crianças nas ruas se prostituindo para comer, como se não existissem. Isso é manter um padrão mental autômato, de quem não age nem pensa por conta própria. Mero repetidor de ações.

Há poucos anos faleceu o filósofo francês Jean Baudrillard. Foi o grande teórico da tese de que a mída, nos países capitalistas, faz com que o povo viva uma realidade virtual, mentirosa, alienante (midiaticamente autômata). Essa consciência coletiva divorciada da realidade real retira das pessoas os recursos de questionamento. A visão de mundo fica empobrecida.

Baumann, no mesmo diapasão, fala da vida "líquida" da modernidade. As relações intersubjetivas distanciadas da realidade real são despojadas de conteúdo. Não há mais sensibilidade social. A regra é a apatia com relação ao "outro".

A quem interessa uma coletividade sem recursos de questionamento? Autômata? Líquida?

A quem interessa toda essa passividade em relação aos problemas graves trazidos pelo neoliberalismo como destruição do meio-ambiente, monetarização da vida, enxergamento do outro como "coisa"? A quem interessa toda essa insensibilidade social?

Um doce para quem acertar.

Como diz Leonardo Boff, um dos maiores pensadores do Brasil e do mundo - "O capitalismo é incompatível com a vida".

Abraços socialistas.

sábado, 9 de abril de 2011

Da série Notícias do Brasil (sem os comentários da Globo, Aliás, com os nossos).

"Campanha contra armas ganha fôlego" (O Globo, 10/04/2011)
http://oglobo.globo.com

Teve um maluco que matou 12 crianças em uma escola. Por causa disso a sociedade agora debate contra as armas. Não é a mesma sociedade que votou no referendo a favor das armas em 2005?

Quando votou a favor das armas, essa sociedade não pensou que um maluco podia comprar uma arma, entrar numa escola e matar 12 crianças?

É impressão minha ou essa sociedade é tonta de verdade?