terça-feira, 28 de junho de 2011

Parabéns Liu Wenxiu




     "Beijo de desconhecida evita que jovem chinês cometa suicídio

     Os moradores da cidade de Shenzhen, na China, viram um ato heróico e muito bonito no último dia 20. A chinesa Liu Wenxiu, de 19 anos, conseguiu salvar um menino de 16 anos, que queria se jogar de uma passarela, com um beijo na boca. Liu estava passando pelo local quando se deparou com o drama do adolescente, que estava pendurado na passarela com uma faca na mão. Ela conseguiu se aproximar dizendo à polícia que era namorada dele e a razão pela qual ele queria se matar.

...”

Yahoo! Brasil, 28/06/2011

Veja na íntegra:

     A antítese do ser humano sintético é o ser humano que sente. Uma menina deu um beijo para evitar um suicídio. É o ser humano que se importa, que se envolve. É o ser humano corajoso, que age, que se posiciona.

     Em um momento trevoso como este atual, em que as criaturas humanas se comportam de maneira egoística, competitiva e indiferente, um feito desse (que seria comum em outros tempos) destaca-se por nos lembrar algo dentro de nós que vai se perdendo. O que era para ser um ato comum de um ser humano saudável transforma-se em um ato “heróico e muito bonito”.

     Alguém que aja com desinteresse, que coloque ideais acima de interesses mesquinhos, fica cada vez mais excêntrico, mais exótico, em um momento em que a ditadura da mediocridade – que força uma conduta rasa, fútil, leviana – toma conta das mentes.

     A preocupação é com o novo modelo de celular, não com o outro ser humano.

     Tem explicação. É a mesma história de sempre. Neoliberalismo – alienação - consumismo desenfreado – valores (morais) no lixo – valores (materiais) em primeiro lugar - nihilismo...

     Tem alguém lucrando com isso. O problema é até quando o mundo agüenta.

sábado, 25 de junho de 2011

Modelo cubano de alfabetização erradicou analfabetismo na Venezuela

"21/02/2006 - 12h08
 
Irene Lôbo

Repórter da Agência Brasil

Brasília – No ano passado, a Venezuela foi declarada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) país livre do analfabetismo. O método de alfabetização utilizado, cubano, será agora testado no Brasil em um programa-piloto no Piauí. O modelo já é usado em 17 países, entre eles Haiti, Argentina, México, Nicarágua, Bolívia, Equador e República Dominicana. Em todos esses países, já foram alfabetizadas cerca de 1,5 milhão de pessoas."

Veja na íntegra:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2006-02-21/modelo-cubano-de-alfabetizacao-erradicou-analfabetismo-na-venezuela

Coisa de governos socialistas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crise neoliberal e sofrimento humano (Leonardo Boff)


     Só para lembrar aos amigos, que fazem a bondade de acompanhar este blog, enfatizamos que quando o texto não for de nossa apagada autoria nós o colocamos entre aspas e citamos o autor. É que pensamos em trazer para este espaço os grandes (estes sim) pensadores que revelaram e revelam a realidade que se esconde por trás do fato comum. Gente como Leonardo Boff, Frei Betto, Fausto Wolff, Bertold Brecht, Zygmunt Bauman, José Saramago,  entre outros. Digo "estes sim" porque vivemos tempos trevosos de Paulo Coelho e Harry Porter.

     “O balanço que faço de 2010 vai ser diferente. Enfatizo um dado pouco referido nas análises: o imenso sofrimento humano, a desestruturação subjetiva especialmente dos assalariados, devido à reorganização econômico-financeira mundial.

     Há muito que se operou a "grande transformação"(Polaniy), colocando a economia como o eixo articulador de toda a vida social, subordinando a política e anulando a ética. Quando a economia entra em crise, como sucede atualmente, tudo é sacrificado para salvá-la. Penalisa-se toda a sociedade como na Grécia, na Irlanda, em Portugal, na Espanha e mesmo dos USA em nome do saneamento da economia. O que deveria ser meio, transforma-se num fim em si mesmo.

     Colocado em situação de crise, o sistema neoliberal tende a radicalizar sua lógica e a explorar mais ainda a força de trabalho. Ao invés de mudar de rumo, faz mais do mesmo, colocando pesada cruz sobre as costas dos trabalhadores. Não se trata daquilo relativamente já estudado do "assédio moral", vale dizer, das humilhações persistentes e prolongadas de trabalhadores e trabalhadoras para subordiná-los, amedrontá-los e, por fim, levá-los a deixar o trabalho. O sofrimento agora é mais generalizado e difuso afetando, ora mais ora menos, o conjunto dos países centrais. Trata-se de uma espécie de "mal-estar da globalização" em processo de erosão humanística.

     Ele se expressa por grave depressão coletiva, destruição do horizonte da esperança, perda da alegria de viver, vontade de sumir do mapa e até, em muitos, de tirar a própria vida. Por causa da crise, as empresas e seus gestores levam a competitividade até a um limite extremo, estipulam metas quase inalcançáveis, infundindo nos trabalhadores, angústias, medo e, não raro, síndrome de pânico. Cobra-se tudo deles: entrega incondicional e plena disponibilidade, dilacerando sua subjetividade e destruindo as relações familiares. Estima-se que no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas sofram este tipo de depressão, ligada às sobrecargas do trabalho.

     A pesquisadora Margarida Barreto, médica especialista em saúde do trabalho, observou que no ano passado, numa pequisa ouvindo 400 pessoas, que cerca de um quarto delas teve idéias suicidas por causa da excessiva cobrança no trabalho. Continua ela: "é preciso ver a tentativa de tirar a própria vida como uma grande denúncia às condições de trabalho impostas pelo neoliberalismo nas últimas décadas". Especialmente são afetados os bancários do setor financeiro, altamente especulativo e orientado para a maximalização dos lucros. Uma pesquisa de 2009 feita pelo professor Marcelo Augusto Finazzi Santos, da Universidade de Brasília, apurou que entre 1996 a 2005, a cada 20 dias, um bancário se suicidava, por causa das pressões por metas, excesso de tarefas e pavor do desemprego. Os gestores atuais mostram-se insensíveis ao sofrimento de seus funcionários, acrescentando-lhes ainda mais sofrimento.

     A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de três mil pessoas se suicidam diariamente, muitas delas por causa da abusiva pressão do trabalho. O Le Monde Diplomatique de novembro do corrente ano, denunciou que entre os motivos das greves de outubro na França, se achava também o protesto contra o acelerado ritmo de trabalho imposto pelas fábricas causando nervosismo, irritabilidade e ansiedade. Relançou-se a frase de 1968 que rezava:"metrô, trabalho, cama", atualizando-a agora como "metrô, trabalho, túmulo". Quer dizer, doenças letais ou o suicídio como efeito da superexploração capitalista.

     Nas análises que se fazem da atual crise, importa incorporar este dado perverso que é o oceano de sofrimento que está sendo imposto à população, sobretudo, aos pobres, no propósito de salvar o sistema econômico, controlado por poucas forças, extremamente fortes, mas desumanas e sem piedade. Uma razão a mais para superá-lo historicamente, além de condená-lo moralmente. Nessa direção caminha a consciência ética da humanidade, bem representada nas várias realizações do Forum Social Mundial entre outras.”

Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra-Cuidar da vida: como evitar o fim do mundo, Record 2010

domingo, 19 de junho de 2011

Muito além do cidadão Kane

Documentário inglês, proibido no Brasil, que revela a história de como a mídia brasileira serviu aos interesses da classe dominante brasileira, que por sua vez sempre serviu aos interesses do capital internacional (não sobrou ninguém para ver quais eram os interesses do povo brasileiro) para emburrecer o povo brasileiro - e com isso implantar e manter um sistema neoliberal sem questionamentos nem resistências.

Este é aquele filme que a classe dominante brasileira conseguiu com que nunca fosse exibido para o público brasileiro.

Empurraram goela abaixo do povo brasileiro toda sorte de mediocridade subcultural para que mais facilmente se pudesse manipulá-lo como massa impensante. Alienou-se para mais explorar. É triste reconhecer - o plano deu certo.

"Além do Cidadão Kane é um documentário produzido pela BBC de Londres - proibido no Brasil desde a estréia, em 1993, por decisão judicial - que trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenário político brasileiro. - Os cortes e manipulações efetuados na edição do último debate entre Luiz Inácio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleição de 1989. - Apoio a ditadura militar e censura a artistas, como Chico Buarque que por anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora. - Criação de mitos culturalmente questionáveis, veiculação de notícias frívolas e alienação humana. - Depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira. "Todo brasileiro deveria ver Além do Cidadão Kane":  Veja o filme:

http://www.youtube.com/watch?v=TBdc4esTXUY

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pirâmide do sistema capitalista


O sistema capitalista cria a desigualdade entre os homens. Contudo, interessante observar que essa desigualdade servirá para retroalimentar o próprio capitalismo, já que este é fundado na exploração do homem pelo homem. A desigualdade é proposital, porque é construída. E é construída porque é necessária ao sistema capitalista. E este dela necessita porque tem na exploração o seu mecanismo principal.

Tudo isso não é racional. Mas, quem disse que o homem é racional? (Nietzsche)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Livro À mão esquerda, de Fausto Wolff

  

     Acabei de ler um dos melhores livros possíveis, de um dos meus autores preferidos (o melhor escritor brasileiro) - Fausto Wolff.

     O exemplar que eu tenho é da editora Leitura, de 1996, parece-me que outras editoras já editaram o livro. São 496 páginas de pura genialidade. Não se trata daquela genialidade às vezes chata, às vezes incompreensível - trata-se de genialidade com cultura, inteligência e muito senso de humor. É difícil falar de Fausto Wolff, pessoa e escritor muito original, falecido no Rio de Janeiro em 05/09/2008. Comunista humanista, sempre com textos de viés filosófico, seguia a linha de Brecht e Beckett, ou seja, daqueles pensadores preocupados com o descortinamento da realidade que se esconde por trás do fato comum. Gente que não é "mais do mesmo".

     "À mão esquerda" é uma ficção com muita cultura inteligente, mesclada com autobiografia, filosofia, humor, surrealismo... ou seja, é difícil fazer uma resenha desse livro. Para se ter uma idéia esse autor despreza aquela palavra que não existe, é horrível, mas todo mundo usa de boca cheia: "vitrine". Prefere a que existe na língua portuguesa, a adotada pela norma culta: "vitrina" (pág. 197), contudo, não tem pudores de xingar a classe dominante brasileira com vários "filhos-da-puta". É Fausto Wolff. Também é Fausto Wolff ter desafiado a Rede Globo. Coisa para poucos.

      Sem alguma cultura geral não se entende e não se gosta desse autor. Não é possível transitar entre Paulo Coelho e BBB e depois querer encarar um Fausto Wolff. Não dá certo. Não vai.

     Outra característica: gostava de frases de efeito, à la Nelson Rodrigues: "Se você é inteligente, talentoso e original perca as esperanças de ser aceito", ou, "O homem é filho do medo, não é ele mesmo, ensinam-lhe a ter medo e ele aprende", ou, "A elite brasileira só não extermina os pobres definitivamente porque vai faltar empregadas domésticas" (por falar em empregada doméstica, um dia ainda faço um artigo sobre essa mentalidade coronelesca do séc. XIX - quando gostaríamos de ter sido colônia da França -  refiro-me a essa nova imbecilidade brasileira: chamar emprega doméstica de "secretária". Pode explorar, pagar mal, desrespeitar, assediar moral e sexualmente, humilhar... pode fazer o escambau, mas tem que chamar de "secretária". Fica chique. Daqui a pouco essa sociedade volta para o séc. XVIII, se Deus quiser. Digo se Deus quiser, porque se continuar retroagindo no tempo, como está fazendo, um dia a sociedade brasileira chega na Renascença. Chamar de empregada doméstica e respeitar como ser humano, lembrando da dignidade da pessoa humana, é pedir demais para essa sociedade, não dá).

     Vou transcrever duas opiniões constantes na contracapa do livro:

     "Um romance denso, vigoroso, surpreendente. Concebido como uma polifonia, na qual diversas vozes se alternam em contraponto, exigiu do autor extraordinários recursos de maestria técnica. Seu leitmotiv é, obviamente, autobiográfico, mas extrapola esses limites. É uma composição que reúne o patético desvario de uma personalidade complexa a uma crítica social contundente de projeções mundiais. É regional e cosmopolita, contemporâneo e histórico. É Fausto e fausto. Traz em si uma tensão que pode ser chocante para almas delicadas, mas, de fato, como lamentou Mário de Andrade, de o movimento Modernista não haver conseguido, agarra a máscara do tempo e a esbofeteia" - Moacir Werneck de Castro.

     "Fausto Wolff escreveu o livro mais importante de sua geração" - Carlos Heitor Cony.

     Vale a pena transcrever, também, um pequeno trecho:

     "Já naquela primeira viagem à Dinamarca Pérsio (ou seja, ele mesmo, Fausto Wolff) ficou impressionado com a intimidade do povo com a cultura. Até então, no Brasil, mesmo os intelectuais, quando falavam de arte, passavam a impressão de que eram apenas ilustrados, transmitiam ao interlocutor uma lição decorada e não estavam absolutamente interessados na resposta. A conversa era feita de citações, não vinha da alma, do sofrimento, da alegria, da experiência pessoal. Com exceção do futebol e da música popular, a cultura no Brasil não parecia fazer parte da estrutura do homem, não estava ligada a ele intrinsecamente; era apenas um ornamento a ser exibido eventualmente; algo para se aplaudir, mas que em verdade não fazia parte da vida. Com exceção dos idiotas congênitos, era difícil encontrar em Copenhague alguém que não discutisse filosofia, política internacional, costumes, com a mesma desenvoltura com que no Brasil se discutia um gol de Pelé." (pág. 253).

     Como dizia Nelson Rodrigues: "os medíocres perderam a modéstia". Neste momento em que Paulo Coelho e José Sarney "acham" que são escritores, vamos lembrar que vale a pena para a alma conhecer Fausto Wolff e À mão esquerda.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Ex-menina de rua de SP estuda Medicina em Cuba





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“Ir a Cuba foi minha maior conquista. Além de aprender sobre a medicina, aprendo sobre a vida, a importância dos valores. Antes de ir, sempre lia reportagens negativas sobre o país, mas quando cheguei lá, não foi isso que vi. Em Cuba, todos têm direito a educação, saúde, cultura, lazer e o básico pra sobreviver.

Li em muitas revistas que o Fidel Castro é um ditador, e descobri em Cuba, que ele é amado e idolatrado pelos cubanos. Escrevem que Cuba é o país da miséria. Mas de que tipo de miséria eles falam? Interpreto como miséria o que passei na infância. Em casa, no Brasil, não tinha água encanada, luz, comida.

Recordo que tinha dias em que eu, meu irmão e minha mãe não conseguíamos nos levantar da cama devido a fraqueza por falta de alimento. Tomávamos água doce pra esquecer a fome. Então, quando abro uma revista publicada no Brasil e nela está escrito que Cuba é um país miserável, eu me pergunto: se em Cuba, onde todos têm os direitos a saúde, educação, moradia, lazer e alimento, como podemos denominar o Brasil?”
...
                                                                                                                         Gisele Antunes Rodrigues
Veja na íntegra essa história que a grande e prostituída mídia brasileira dificilmente irá contar:


PS: A criança abandonada da foto não é cubana, é do Brasil neoliberal:

http://www.blogpaedia.com.br/2008/10/o-nosso-amor-pelas-crianas-abandonadas.html

Deficiente (Renata Villela)

Deficiente

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. E só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

                                                                                                                                         (Renata Villela)